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Com 100 mil bois e 62 aviões: Como Wagner Canhedo foi do auge absoluto à ruína financeira?

Milionário aos 26, Preso aos 77: A Trajetória Chocante de Wagner Canhedo, Ex-Dono da VASP

De mecânico a dono da VASP e de uma fazenda gigante, veja como Wagner Canhedo construiu e perdeu um império bilionário no Brasil.

O mundo dos negócios tem quedas de impérios. Fortunas que evaporam. No Brasil, um caso marcante é o de Wagner Canhedo. Ele foi gigante nos céus e no campo. Dono da VASP e de uma fazenda imensa. Mas hoje sua situação é oposta à antiga glória. Como Wagner Canhedo construiu e perdeu tudo? Vamos contar essa história.

Do interior paulista a milionário em Brasília: O início da trajetória de Wagner Canhedo

Wagner Canhedo Azevedo nasceu em 1936, no interior de São Paulo. Veio de família simples, mas mostrou cedo disposição para o trabalho. Começou como ajudante de oficina mecânica. Aos 16 anos, já demonstrava espírito empreendedor e abriu sua própria oficina. Pouco depois, comprou um caminhão com o pai. Entrou no ramo de transportes, fazendo entregas pelo interior.

No final dos anos 50, viu uma oportunidade na construção de Brasília. Em 1957, foi para o canteiro de obras com oito caminhões. A aposta deu muito certo. Transportando materiais para a nova capital, Wagner Canhedo enriqueceu rápido. Aos 26 anos, já era milionário. Sua fortuna nasceu nos bastidores do projeto.

O império nos transportes: Viplan, Vadel e a consolidação da fortuna

Com 100 mil bois e 62 aviões: Como Wagner Canhedo foi do auge absoluto à ruína financeira?

Canhedo reinvestiu os lucros e expandiu seus negócios. Construiu um império, especialmente no transporte rodoviário. Nos anos 80, seu grupo tinha 17 empresas. Empregava 15.000 funcionários. Movimentava mais de US$ 2 bilhões anuais. Era um dos maiores grupos empresariais do Brasil.

Duas gigantes se destacavam: a Viplan, de transporte urbano em Brasília (fundada nos anos 60, chegou a ter mais de 1000 ônibus), e a Vadel, de transporte de cargas (frota de 300 caminhões). Wagner Canhedo consolidou-se como um nome poderoso no Centro-Oeste. Expandiu para agropecuária, mineração e turismo. Tornou-se um dos empresários mais influentes do país.

Voos altos e terras vastas: A compra da VASP e a Fazenda Piratininga

No auge, Wagner Canhedo buscou mais. Em 1990, entrou na aviação comercial. Comprou a VASP, tradicional companhia aérea paulista. A VASP pertencia ao governo de SP e estava à beira do colapso. Acumulava US$ 750 milhões em dívidas. O governador Quércia decidiu privatizá-la. Canhedo pareceu o comprador ideal. Arrematou 60% das ações por US$ 43 milhões.

Inicialmente, a gestão foi agressiva. A frota da VASP quase dobrou em um ano (32 para 60 aviões). No auge, tinha 62 aeronaves, 36% do mercado doméstico e 17 rotas internacionais. Canhedo comprou partes de aéreas estrangeiras (Lloyd Aéreo Boliviano, Ecuatoriana Airlines). Ao mesmo tempo, investiu pesado no agronegócio. Comprou a Fazenda Piratininga, uma das maiores do Brasil (>215.000 hectares em GO/TO). Investiu R$ 400 milhões na propriedade. Tinha 100.000 cabeças de gado (ganhou apelido “Rei do Gado”), 3.600 km de estradas internas, pontes, oficinas e pista de pouso. A fazenda foi avaliada em R$ 500 milhões.

A queda do império: Falência da VASP, dívidas e perda da fazenda

Mas problemas surgiam nos bastidores. A compra da VASP levantou suspeitas. Investigações apontaram possível apoio político (incluindo PC Farias). O estilo agressivo de Wagner Canhedo gerou atritos. A expansão da VASP mascarou um endividamento crescente. No início dos anos 2000, a dívida da VASP era de R$ 3 bilhões (R$ 2 bilhões com o governo).

Canhedo tentou salvar a empresa, mas a situação era insustentável. Salários atrasaram, voos foram cancelados. Boatos diziam que ele priorizava a fazenda em detrimento da VASP. Em 2005, a companhia paralisou operações. Entrou em recuperação judicial. A falência foi decretada em setembro de 2008. Wagner Canhedo perdeu o controle da VASP.

Consequências e legado: Processos, prisão e a vida longe dos holofotes

O colapso da VASP gerou uma avalanche. Mais de 15.000 ex-funcionários entraram com ações trabalhistas. Para pagar parte da dívida bilionária, a justiça determinou a transferência da Fazenda Piratininga aos credores. Em 2008, a propriedade foi adjudicada aos ex-funcionários. Anos depois, foi leiloada e rebatizada.

Wagner Canhedo também enfrentou acusações fiscais e criminais. Aos 77 anos, foi preso em casa em Brasília (por ordem da justiça de SC), mas liberado logo depois. Sua imagem ficou manchada. A Viplan, ainda com a família, passou a ter serviço precário. Vários bens do grupo foram penhorados ou leiloados. Hoje, aos 89 anos, Wagner Canhedo vive discretamente. Relatos indicam que ainda enfrenta dificuldades financeiras e pendências judiciais. Seu império foi reduzido a ruínas.

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Bruno Teles de Lima

Bruno Teles de Lima

Atuo como redator no Anexus, trazendo diariamente conteúdos sobre tecnologia, inovação, com foco especial nas oportunidades que movimentam o mercado brasileiro.