Ex-presidente do Banco Central defende medida polêmica para conter rombo previdenciário, reduzir juros e melhorar a alocação de recursos públicos
O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, defendeu publicamente o congelamento do salário mínimo por seis anos como estratégia para conter o crescimento explosivo dos gastos da Previdência Social. A declaração foi feita durante a Brazil Conference, em Harvard e no MIT, nos Estados Unidos, e gerou repercussão imediata entre especialistas e representantes de trabalhadores.
Segundo Fraga, o déficit nas contas públicas se agrava devido ao envelhecimento da população e às regras atuais que vinculam aposentadorias, abonos e benefícios sociais ao valor do salário mínimo. Para ele, conter esse crescimento é essencial para reequilibrar as finanças do país.
Congelamento do salário mínimo e o impacto na Previdência Social
Atualmente, o salário mínimo serve de base para mais de 25 milhões de benefícios previdenciários pagos pelo INSS, como aposentadorias, pensões e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Além disso, influencia diretamente o valor de programas sociais como o Bolsa Família e o abono salarial.
Fraga propõe que o salário mínimo seja congelado em termos reais por 6 anos, ou seja, apenas corrigido pela inflação e sem aumentos reais de ganho de poder de compra. Segundo ele, essa medida pode ajudar a frear o crescimento da despesa obrigatória e permitir maior espaço para investimentos públicos.
A despesa com Previdência e funcionalismo público consome 80% dos gastos primários da União, segundo Fraga. Ele argumenta que esse percentual deveria cair para algo entre 60% e 70%, abrindo espaço para a77f9 melhorias em áreas como educação, segurança e infraestrutura.
Efeitos econômicos e sociais do congelamento do salário mínimo
A proposta de congelar o salário mínimo divide opiniões. Para defensores do ajuste fiscal, seria uma forma de reduzir pressões sobre a dívida pública e ajudar a baixar os juros. O Brasil gasta R$ 910 bilhões por ano apenas com juros da dívida, e o déficit nominal já passa de R$ 939 bilhões.
Por outro lado, críticos apontam que a medida pode agravar a desigualdade social e penalizar principalmente os mais pobres, que dependem diretamente de benefícios atrelados ao salário mínimo.
Fraga reconhece que a ideia é dura, mas afirma que ela precisa ser acompanhada de uma grande reforma administrativa e da revisão de subsídios, que hoje somam 7% do PIB, contra apenas 2% de investimentos públicos — patamar que já foi 5% no passado.
Proposta reacende debate sobre responsabilidade fiscal e desenvolvimento
Além da questão do salário mínimo, Armínio Fraga também fez duras críticas à estrutura de gastos do Estado. Defendeu reformas profundas no RH do setor público e questionou os altos salários em cargos de liderança. Segundo ele, há margem para cortar despesas e melhorar a qualidade do serviço público.
O economista também alertou sobre os riscos do marco fiscal atual, que substituiu o antigo teto de gastos. Para ele, o novo modelo “é uma Ferrari a 300 km/h prestes a bater”.
Apesar da defesa de disciplina fiscal, Fraga destacou que o Brasil também precisa enfrentar problemas estruturais como crime organizado, educação precária e desigualdade social, além de manter postura independente e democrática nas relações internacionais.
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