Gigante estatal YTO desembarca no país com meta de 20% do mercado, preços competitivos e planos de fábrica em Caruaru (PE) com trator barato da China.
Produtos chineses dominam o mundo. Começaram simples, hoje são avançados e mais baratos. Celulares, TVs e carros elétricos da China competem globalmente. Agora, essa força chega ao campo brasileiro. A fabricante YTO trouxe seus tratores ao Brasil em 2023. A meta é ambiciosa. Prepare-se para uma possível transformação nas fazendas brasileiras com o trator barato da China.
De Mao a mais de 100 países: A história da gigante estatal YTO
A história da YTO começa na China de 1955. Foi fundada após a revolução comunista de Mao Tsé-Tung. O país era rural e precisava mecanizar suas lavouras. A “Primeira Fábrica de Tratores da China” foi criada para isso. Engenheiros de todo o país foram recrutados. A União Soviética forneceu tecnologia para o primeiro trator de esteiras. Lançado em 1959, o “Dong Fang Hong” (O Oriente é Vermelho) revolucionou o agro chinês. A fábrica também produziu modelos militares e para construção civil.
Em 1983, começou a fabricar tratores de rodas. Nos anos 80, firmou parceria com a Fiat para usar tecnologia italiana. Nos anos 90, iniciou a exportação, abrindo escritório na Costa do Marfim (1992). Em 1995, adotou o nome YTO. A empresa continua sendo estatal, parte do grupo Sinomach. Antes do Brasil, já estava presente em mais de 100 países.
A conquista do Brasil: Estratégia, parcerias e metas ambiciosas

A YTO chegou ao Brasil em 2023, inicialmente importando tratores. Mas a estratégia é agressiva. Segundo Ester Neu, gerente geral da marca no Brasil, a meta é conquistar 20% do mercado nacional de tratores em 10 anos. Para isso, associou-se à BDG Máquinas, empresa do Grupo BDG com mais de 30 anos no mercado automotivo (Volvo, BMW, Hyundai). As primeiras lojas estão sendo preparadas em Ribeirão Preto (SP) e Belo Horizonte (MG). Um centro de distribuição de peças também está nos planos, provavelmente em Ribeirão Preto.
Guerra de preços à vista? As vantagens da YTO contra os gigantes
O mercado brasileiro de tratores é dominado por gigantes mundiais. AGCO (Massey Ferguson, Valtra), CNH (Case, New Holland), John Deere e Mahindra (Indiana, chegou em 2012) são os principais players. Para brigar com eles, a YTO tem cartas na manga.
Sendo uma estatal chinesa, conta com apoio do governo. Isso permite oferecer produtos mais baratos. A expectativa é que a YTO force os concorrentes a baixarem preços, beneficiando o produtor rural. Outra aposta é a semelhança técnica com marcas conhecidas. A parceria antiga com a Fiat (dona da CNH) significa que sistemas de transmissão e câmbio da YTO são os mesmos de tratores New Holland e Case. A YTO acredita que isso aumentará a confiança e facilitará a adaptação no Brasil.
Fábrica em Caruaru (PE): Produção nacional e os tratores para o agricultor brasileiro
A YTO participou da Agrishow 2024 para apresentar seus produtos.2 O foco será nos pequenos e médios agricultores. A linha de tratores vai de 24 a 240 cavalos de potência. A marca afirma que são de “estilo europeu”, ideais para culturas como batata, mandioca, café e cana.
Inicialmente, os tratores vendidos serão importados da China (lote inicial de 180 unidades a caminho). Mas os planos para produção nacional estão avançados. Em 31 de maio de 2024, a YTO assinou termo com a prefeitura de Caruaru (PE) para construir sua primeira fábrica no Brasil. O investimento previsto é de US$ 150 milhões nos primeiros dois anos, chegando a mais de US$ 500 milhões em cinco anos. A meta inicial é produzir 100 tratores por mês e gerar 3.000 empregos diretos.
Sucesso ou incerteza? O futuro do trator chinês no campo
Os números da fábrica brasileira são modestos perto da produção chinesa (100 mil tratores/ano). Mas é apenas o começo. Se a YTO repetir o sucesso de outras empresas chinesas, a fábrica pode expandir significativamente. No entanto, o sucesso no Brasil não é garantido. Dependerá da aceitação dos agricultores. Fatores como preço final, qualidade percebida e custos de manutenção serão decisivos na disputa com as marcas já estabelecidas. Resta esperar para ver se o trator chinês conquistará seu espaço nas fazendas brasileiras.