As questões, antes feitas unicamente por amigos, agora chovem nas caixas de mensagens nas redes sociais. Transformaram-se em uma profissão: sommelier de perfumes.
"São perguntas do tipo: no sábado, vou colocar terno para trespassar com a minha esposa. Vamos a um consórcio. Será à noite e o tempo vai estar insensível. Que perfume você recomenda?", afirma Henrique Limma, 31.
Ele faz secção de um grupo de aficionados e estudiosos de perfumes que se tornaram influenciadores no Instagram, TikTok e YouTube. Abandonaram os empregos anteriores diante de uma simples constatação: o brasílico adora se perfumar, mas não tem verba para comprar produtos caros, de grifes internacionais. Eles oferecem alternativas mais baratas.
"Eu trago opções para a galera, tanto nacionais quanto importadas. Há fragâncias de R$ 1.000, R$ 2.000, R$ 3.000 que não são acessíveis à maioria das pessoas. Existem várias empresas que fazem fragâncias muito parecidas. Casas de perfumarias estão trazendo cheiros com referência olfativa de qualidade", diz Pedro Lucas Martins Damasceno, 31.
Em suas redes sociais, ele acumula tapume de 85 milénio seguidores e faz parceria com marcas nacionais para falar dos produtos. Morador em Cajamar, na Grande São Paulo, hoje vive unicamente do teor que produz para diferentes plataformas.
Os influenciadores comentam cheiros, fixação na pele, respondem a questões e fazem recomendações de perfumes de preço muito mais barato e que, algumas vezes, são idênticos (garantem) a marcas famosas internacionais. Perfumes importados que, por razão da subida do dólar, estão ainda mais caros.
As opções mais econômicas são os chamados contratipos, fragâncias que imitam outras de marcas mais conhecidas. Não é um pouco novo. Mas não houve tantas opções e com tanta qualidade quanto agora, asseguram. Um dos motivos para isso é a invasão de perfumes árabes no mercado brasílico.
Os influenciadores digitais desse mercado foram os primeiros a identificarem esse fenômeno.
"A perfumaria mouro está dominando o cenário vernáculo e se tornou muito conhecida. Há marcas que entregam muita qualidade, às vezes iguais que a dos designers", explica Rhobson Gabriel de Andrade Paiva, 32, com 210 milénio seguidores nas redes sociais, se referindo a marcas internacionais, de grife.
Um dos perfumes mais imitados é o Sauvage, da Dior. No site da perfumaria, o frasco do elixir (mais concentrado e intenso) custa R$ 1.209. Os influenciadores citam marcas nacionais e árabes que cobram entre R$ 250 e R$ 400 pela imitação.
"Há cada vez mais gente falando sobre isso", diz Pedro. "Há pessoas que sempre usaram perfume importado, custoso, não estão acostumados e têm até preconceito contra outras marcas. Acha que não valem zero. Mas os contratipos, os inspirados, estão cada vez mais populares."
O mercado brasílico é o segundo maior do mundo neste setor. No ano pretérito, movimentou tapume de R$ 16 bilhões. Segundo dados da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), 78% dos brasileiros usam qualquer tipo de perfume. No mundo, a indústria de cosméticos deve atingir US$ 580 bilhões em 2027 (R$ 3,3 trilhões pela cotação atual).
Eles rejeitam o termo falsificação porque não há patentes para elementos sensoriais. Isso significa que nenhuma empresa pode registrar um cheiro uma vez que seu. Estão protegidas pela lei embalagens, marcas e nomes.
Está aí a maior preocupação dos influenciadores. Não cometer nenhum deslize que possa fazer com que o vídeo ou até o conduto seja derrubado pela plataforma por mansão do uso de marcas de terceiros. Por isso, eles não citam nomes dos perfumes de grifes. Relatam casos em que a simples menção à marca de uma fragância conhecida, mesmo que unicamente a descrevendo, sem raciocínio de valor, fez com que a conta fosse encerrada.
Eles falam sobre cheiros, características, similaridades e em que situações funcionam melhor, mas deixando simples que depende da fixação na pele de cada um.
"Há marcas que não dão liberdade nenhuma. Eu trabalho só produzindo teor, logo perder a conta é um risco muito grande. Tenho sempre um jurista de crédito, um verba guardado para recorrer se derrubarem a conta. Mesmo que você tenha a conta paga [na rede social], não adianta. Não dão o suporte necessário e você é o gavinha mais fraco na pendência", diz Rhobson.
Esta é a única atividade profissional dele. Deixou a pizzaria que era possuidor (e pizzaiolo) em Manaus para se destinar unicamente à vida de influenciador de perfumes. Henrique emitia passaportes no consulado italiano em São Paulo e abandonou o ofício. Pedro está saindo do seu ofício de vendedor de peças e acessórios para moto.
Cada um deles recebe até 20 perfumes por semana de marcas que querem ser avaliadas. Também fazem parcerias remuneradas. O número de frascos em mansão pode chegar a 500. O público preponderante é masculino.
Alguns pensam em expandir o negócio. Pedro quer dar cursos para interessados no objecto. Rhobson também faz vídeos sobre relógios. Mas Henrique quer martelar unicamente na produção de teor na perfumaria.
"Tem todos os públicos. Há advogados que têm o perfume original, mas usam opção mais barata no dia a dia. O contratipo nunca vai ser 100% igual, mas vai chegar nos 95% e há perfume inspirado que, no olência, eu acho melhor do que o original", afirma, se definindo uma vez que sommelier de perfumes.
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